Daniel Bizon*
Empreender é fazer acontecer. Essa é a definição mais simples e mais assertiva que já ouvi sobre empreendedorismo. Quem empreende sabe bem o significado do “fazer acontecer” na prática. Inclusive esta é nada mais nada menos do que a maior necessidade do nosso Brasil. Colocar as coisas para funcionar na prática.
Precisamos de pessoas que fazem acontecer, sim! Mas não adianta fazer acontecer qualquer coisa, de qualquer forma. O país precisa de pessoas que saibam por que, como e onde pretendem chegar. E para isso precisamos de educação empreendedora.
Historicamente, não se pode negar que temos alguns bons exemplos de empreendedorismo no país. Mas também é evidente que empreender é um verbo que foi muito pouco conjugado na população brasileira como um fenômeno de massa. A década que se iniciou em 2.000 inaugurou a popularização do empreendedorismo e a produção de conteúdo sobre negócios e educação empreendedora, especialmente na internet.
Ainda bem que isso aconteceu. Não é de hoje que sabemos o tamanho do “gap” que existe entre a teoria e a prática na relação escola-mercado. Talvez os cursos técnicos façam o aluno sofrer menos com essa disparidade, pelo fato de que a natureza do ensino técnico já é intrinsecamente empreendedora. Se o aluno não pegar e fizer, não sai nada.
Mas os estudantes do ensino médio e das universidades sofrem muito mais os efeitos da falta de educação empreendedora. Faço palestras sobre empreendedorismo em todo o Brasil e o que mais se vê são jovens que ainda acreditam que suas vidas e carreiras serão desenvolvidas por alguém, que disso: “a empresa vai cuidar”.
E também a velha esperança de que um dia o Brasil vai mudar. Alucinação! O Brasil não vai mudar. As pessoas é que vão mudar ou não o Brasil. E isso se faz empreendendo, construindo negócios inovadores, atendendo demandas econômicas, sociais e ambientais, construindo sistemas de desenvolvimento colaborativos e minimizando o maior inimigo do empreendedorismo: a burocracia.
Eu não tenho dúvida de que a educação empreendedora precisa começar no maternal. Não faz o menor sentido que não seja assim. Há alguns dias estive na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, e falei na palestra de encerramento sobre a sala da aula das pessoas do futuro e do papel do pedagogo como um estrategista da educação empreendedora.
Eles têm que ser os primeiros a empreender a construção da nova sala de aula. O modelo: “professor fala, aluno escuta” está definitivamente com os dias contados. Assim como qualquer ambiente que traga monotonia na aprendizagem. A sala de aula do futuro será um laboratório de educação empreendedora.
A escola vai ter essencialmente três funções primordiais: educação básica, ajudar as pessoas a descobrir no que elas são excelentes e educação empreendedora. É disso que o Brasil precisa, e é isso que nós temos que fazer. Educação empreendedora significa preparar pessoas para a vida como ela realmente é.
São desafios enormes, mas tão grandes quanto o mar de oportunidades que ainda temos diante de nós.
*Especialista em Marketing Estratégico, palestrante e professor do IETEC