Por : Pedro Paulo Galindo Morales.
O tempo foi passando e o Capitão do transatlântico queria cada vez mais aumentar seus lucros. Para isso, já não fazia festas tão grandiosas e chegou até mesmo fechar alguns salões de festas do navio para economizar.
Leitores, conta-se que, em mares não muito distantes daqui, existiam duas embarcações: um transatlântico e um iate. O iate não era muito luxuoso, não apresentava muitos atrativos com relação à acomodação dos passageiros e as festas não eram muito luxuosas, porém eram organizadas e bem feitas. Tudo sempre funcionava bem.
Os passageiros se sentiam bem no iate, mas queriam embarcar no transatlântico que cruzava os mares em alta velocidade, sempre bem iluminado e vistoso. A mistura de sons proporcionados por várias festas a bordo era escutado a quilômetros de distância. Tudo era grandioso, os passageiros ficavam encantados. As pessoas economizavam dinheiro o ano todo, pagavam as prestações (a perder de vista), mas queriam embarcar no tal transatlântico.
O tempo foi passando e o Capitão do transatlântico queria cada vez mais aumentar seus lucros. Para isso, já não fazia festas tão grandiosas e chegou até mesmo fechar alguns salões de festas do navio para economizar.
Como o capitão não estava satisfeito com os lucros, ele iniciou um novo modelo de gestão. O projeto incluía, entre outros fatores, a compra de itens do cardápio das festas em vários portos em que o transatlântico aportava. Porém, ele não se preocupava com a qualidade do produto, e isso ocorria também com os itens de manutenção e o combustível do navio.
Na parte de recursos humanos, ao mesmo tempo em que deixou de investir na capacitação de seu pessoal, começou um processo de terceirização da tripulação. Ao decorrer da viajem, contratavam-se mais ou menos profissionais.
O plano do Capitão deu certo. As viagens eram lucrativas e os passageiros sempre estavam felizes, pois participavam de um cruzeiro de alta classe e podiam viajar em um transatlântico pagando menos, não em um “barquinho luxuoso”, como diziam alguns.
Em uma das viagens os problemas começaram a aparecer. As festas já não tinham a mesma fartura de antes, pois em alguns portos os ítens do cardápio começavam a faltar; a alteração da qualidade das peças de reposição e a troca constante de combustível fizeram com que a velocidade e o tempo de viagem ficasse maior e as paradas para manutenção passaram a ser rotineiras. Haviam problemas também com a bagagem de alguns passageiros, que eram esquecidas nos portos ou com classes trocadas. Se algum membro da tripulação reclamasse era convidado a se retirar.
Como as paradas eram constantes, o Capitão passou a mudar as rotas de viagens navegando por rotas alternativas, com mares agitados e pouca visibilidade, o que tornava a viagem perigosa e estressante para a tripulação, embora os passageiros não sentissem.
O transatlântico já não tinha mais o mesmo número de passageiros, pois havia baixa qualidade nas viagens e mau atendimento prestado por uma tripulação cansada, estressada e inexperiente. A situação caótica permaneceu por várias viagens até que, em uma delas, o Transatlântico encalhou em um banco de areia e por muito pouco não naufragou.
Vocês devem estar se perguntando: onde está o “barquinho”? O iate continua oferecendo opções de viagens cada vez mais interessantes, onde a qualidade do serviço e o atendimento bem feito proporcionada por uma tripulação satisfeita e bem treinada é um diferencial proporcionado pelo “barquinho”. Ele enfrenta os mesmos problemas do transatlântico, mas com uma diferença: quando é necessária uma reversão de motores ou uma guinada de 180º com destino a águas mais claras, o “barquinho”, por estar mais preparado, responderá mais rápido quando um banco de areia se aproximar.
Vamos refletir sobre isso!